Já ouvi muito a frase: Você prefere aprender pelo amor ou
pela dor? Acho que no final o caminho da dor também acaba sendo um caminho para
chegar no amor, mas se pensarmos bem o caminho é muito mais longo e doloroso
para desfrutarmos do mesmo sentimento.
Porque esperar uma doença grave se manifestar para lidarmos
com nosso orgulho e aceitar o cuidado do próximo?
Porque não relaxamos e aprendemos a receber e dar carinho
sem precisar estar dentro da fragilidade de um problema de saúde, acidente,
perda de um ente querido, ou coisa assim?
Seria tão mais fácil entender o sentido da vida se
deixassemos o amor se manifestasse de forma natural e pura!
Mas estamos todos tão carregados de ressentimentos, medos,
rancor, raiva e apego a tudo isso. Necessidade de manter uma postura, de ter
razão, entre outras coisas...
É obvio que não é tão simples assim, percebo em mim muitas limitações bem mais fortes do que minha
capacidade de superá-la. Mas acredito que a partir do momento que nos abrimos
para “ver” essas resistências e nos dispomos verdadeiramente transforma-las
mesmo sem saber como, já estamos dando o primeiro passo para uma transformação,
que pode ser lenta aos nossos olhos apressados, mas que se estivermos abertos a
perceber cada movimento gerado pela transformação vamos desfrutando essa mudança
como quando plantamos uma mudinha e vemos todo seu processo de desenvolvimento
até gerar a flor.
Esse processo também é doloroso, pois temos que lidar com
nossas resistências, modificando padrões, porém é uma dor que vamos lidar com
saúde, com maior lucidez, com mais capacidade de transformação. Já na doença
estamos fracos pois precisamos perder nossa força vital, nossas resistências
muitas vezes física para permitir as mudanças. Precisamos esgotar o máximo da
nossa saúde para pararmos de resistir.
Vejo isso acontecer diariamente na minha profissão, pessoas
e seus familiares aprendendo a amar e receber amor da maneira mais difícil, por uma doença
incapacitante muitas vezes grave com sequelas físicas, cognitivas e emocionais importantes. Não deixa de ser um processo muito bonito mas é muito delicado.
A vida é muito curta para ficarmos carregando o que quer que
seja, então sempre é tempo e a sugestão é se permitir deixar a bagagem no caminho
e caminhar livre com seu coração aberto para receber e doar amor.
Não precisa ter razão, nem manter uma postura que não seja
verdadeira. É preciso ser muito corajoso para abandonar tudo que engessa e encarar o julgamento das pessoas que não compreendem esse processo, mas se lembrarmos
que esse caminho de qualquer maneira vai ter que ser percorrido, o que é
melhor:
Aprender pelo amor (processo consciente) ou pela dor (processo inconsciente)?
Reflita e faça sua escolha!